Arcanjo pede imagens do Fórum para saber quem o denunciou
A defesa do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro requereu as imagens das câmeras de segurança do Fórum da Capital para identificar quem foi a pessoa que fez denúncias contra ele no último mês.
As denuncias dão conta de que o ex-bicheiro estaria envolvido novamente com o jogo do bicho na Capital. Os documentos foram protocoladas nos dias 26, 28 de junho e 17 de julho na 2ª Vara Criminal de Cuiabá.
“Eu quero que o senhor peça as imagens para ver quem fez essa denúncia. O senhor pode fazer isso pra mim? Como que uma pessoa faz isso comigo? Como que vou processar uma pessoa anônima?”, disse Arcanjo, em audiência de justificação instruída pelo juiz Geraldo Fidelis, no dia 2 de agosto.
As denúncias foram feitas no setor de protocolos do Fórum de Cuiabá, que possui câmeras de segurança.
De acordo com juízo, é provável que as denúncias tenham sido feitas pela mesma pessoa, mas isso será averiguado assim que as imagens forem disponibilizadas.
“As assinaturas [que constam no documento] não são iguais, mas têm o mesmo tipo de letras”, diz o juiz.
O advogado Zaid Arbid, que faz a defesa de Arcanjo, afirma que a Constituição Federal prevê que toda denuncia seja realizada com identificação do autor.
“A denuncia anônima é inibida e coibida constitucionalmente. A denúncia tem que ter cabeça, tronco e membro. Se não tiver isso, não tem amparo jurídico. A suspeita será identificada no instante em que se fizer a investigação e a degravação daqueles momentos em que foram protocolazidas todas as peças”, disse Arbid.
Denúncia
Uma das denúncias anônimas, protocolizadas e encaminhadas para o juiz Geraldo Fidelis, liga o ex-bicheiro ao atual comando do jogo do bicho em Cuiabá.
Conforme o documento, o genro de Arcanjo, Giovani Zen, teria convidado um homem, Alberto Jorge Toniasso, ao seu local de trabalho para entregar máquinas de apostas utilizadas no jogo de bicho.
Depois de uma confusão, Alberto teria sido agredido pelo genro do ex-bicheiro.
Em audiência, Giovani disse que o encontro de fato ocorreu, mas que foi Toniasso quem o procurou para vender as máquinas. E negou qualquer agressão.
"Ele insistiu e eu falei que não tínhamos interesse. E aí o tirei da sala. Não teve nada de maquininha, nem de agressão”, concluiu.
Outra denúncia diz respeito à ação realizada pela GCCO no dia 10 dia de julho, quando foram detidos quatro homens e apreendidas 50 máquinas usadas em apostas em Cuiabá.
Anotações em um envelope com os nomes do filho de Arcanjo, João Arcanjo Ribeiro Filho, e da ex-mulher dele, Silvia Chirata, também foram encontradas pelos policias.
Em depoimento, um dos detidos afirmou que as máquinas apreendidas pertenceriam a um homem que trabalha para empresa Colibri.
A marca Colibri, que pertencia a Arcanjo, ficou conhecida nos anos 90 com o jogo do bicho.
Prisão
João Arcanjo Ribeiro ficou preso entre os anos de 2003 e 2018, acusado de diversos crimes, entre eles o assassinato do empresário Sávio Brandão, crime pelo qual pegou 19 anos de cadeia. Ele deixou a Penitenciária Central de Cuiabá no dia 16 de fevereiro.