Três ex-funcionários de cooperativa são presos suspeitos de integrar quadrilha que usou 21 empresas
Três ex-funcionários de uma cooperativa de açúcar e etanol foram presos na Operação Etanol, realizada nesta quinta-feira (23) em Mato Grosso, Goiás, Rondônia, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.
De acordo com o delegado Adil Pinheiro de Paula, eles montaram um esquema que desviou R$ 28 milhões da cooperativa por meio de 21 empresas fantasmas.
A investigação, conduzida pela Delegacia da Polícia Civil do município de Campo Novo dos Parecis, a 397 km de Cuiabá, apura desvios de dinheiro da Cooperativa Agrícola de Produtores de Cana de Campo Novo do Parecis (Coprodia).
Adriano Froelich Martins, que é ex-gerente administrativo da cooperativa, foi preso em Jaciara, a 142 km de Cuiabá; Heberth Oliveira da Silva, ex-responsável pelo setor de compras dessa indústria, foi preso em Sapezal, a 473 km da capital, Júnio José Graciano, que é ex-gerente financeiro da empresa, foi preso em Marília, São Paulo.
Ele deve ser transferido para Mato Grosso. O quarto preso é Haran Perpétuo Quintiliano, apontado como responsável por abrir empresas fantasmas. Ele foi preso em um condomínio no Bairro Duque de Caxias, em Cuiabá.
O G1 não localizou o advogado deles.
“Eles [os ex-funcionários] tinham o poder de gerar despesas ou autorizar pagamentos. Eles emitiam notas fiscais fraudulentas e autorizavam o pagamento. O dinheiro era enviado para as empresas fantasmas e devolvido aos membros da organização criminosa”, disse o delegado durante coletiva de imprensa.
Empresas fantasmas
A 3ª fase foi deflagrada para cumprir 50 ordens judiciais, sendo 46 mandados de busca e apreensão e quatro mandados de prisão nos estados.
Segundo o delegado responsável pela investigação, as 21 empresas tinham endereços nos seis estados alvos da operação.
“Durante as buscas, descobrimos que a empresa sequer existiu e, mesmo assim, emitiam notas fiscais contra a empresa.
Em outros casos, as empresas estavam fechadas há anos ou não tiveram um único funcionário e ainda assim faturavam R$ 3 milhões a R$ 4 milhões por ano”, comentou o delegado.
As notas fiscais eram sobre diversos serviços, como transporte, consultoria, serviços advocatícios, informática e website.
Três veículos foram apreendidos com dois dos ex-funcionários da indústria.
Chefe do esquema
A 1ª fase da operação foi deflagrada em julho de 2017, em cumprimento de decisão judicial da 2ª Vara da Comarca de Campo Novo do Parecis, com parecer positivo do Ministério Público, para bloqueio dos bens de Nivaldo Francisco Rodrigues, apontado como um dos chefes do esquema criminoso.
O ex-diretor financeiro da cooperativa foi preso na 2ª fase, em junho deste ano, após a Polícia Civil descobrir, que mesmo sendo monitorado por tornozeleira eletrônica, ele continuou movimentando dinheiro da cooperativa.
Nivaldo continua preso na cadeia pública de Campo Novo do Parecis.
“Ele ostentava um padrão de vida que não condizia com o salário dele, o que chamou a atenção dos diretores da cooperativa. Depois, a participação dos outros ex-funcionários passou a ser investigada”, completou o delegado.
Os quatro presos serão indiciados por furto qualificado, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Posteriormente ainda poderão responder por sonegação fiscal.
O delegado adiantou que o inquérito será desmembrado em 21 inquéritos, um para cada empresa fantasma criada pelo
grupo.
Nivaldo foi indicado por 44 crimes de furto qualificado cometidos contra a empresa que trabalhava.
Outro lado
Em nota, a direção da Coprodia informou que ainda não tem o conhecimento de todos os fatos, mas que acredita que a investigação deve ajudar na Justiça aos cooperados, que estão se sentindo lesados e traídos com os desvios praticados e assim trazer a confiança novamente dos cooperados.
A cooperativa tem 46 cooperados, divididos em 19 famílias, quase todas moradoras de Campo Novo do Parecis, e constitui importante fonte de renda e emprego da cidade.