Sem bolsa-auxílio, alunos da UFMT em situação de vulnerabilidade econômica dizem que estão vivendo d
Estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá, dizem que estão vivendo de doações de colegas e professores, pois não recebem a bolsa-auxílio. Dois alunos ouvidos pelo G1 disseram que ingressaram na faculdade em março deste ano e nos dois primeiros meses receberam uma ajuda financeira, por meio do Programa de Acolhimento Imediato (PAI). Segundo eles, há outros estudantes em situação semelhante.
A UFMT afirmou, em nota, que os estudantes passaram por uma avaliação técnica da pró-reitoria e foi confirmado a vulnerabilidade socioeconômica. No entanto, eles devem aguardar a disponibilização de vagas para receberem o benefício e que não há data prevista para a liberação do recurso.
“Não há dúvidas que, já há algum tempo, os recursos orçamentários são insuficientes para atender a demanda por assistência estudantil em todas as universidades. Alguns estudantes foram atendidos com vaga na Casa do Estudante, mas ainda não foram contemplados com outros auxílios porque depende de recursos orçamentários para essa efetivação”, diz trecho da nota.
Os estudantes Rosalvo Teixeira Júnior, de 19 anos, que cursa física, e William Augusto Paulino da Silva, 20 anos, que cursa educação física, contaram ao G1 que pelo menos 64 alunos vivem na Casa do Estudante, mas passam por dificuldades pela falta de recursos financeiros.
“Viemos do interior e, quando chegamos na universidade, tivemos alimentação grátis por um mês. Recebemos o auxílio do PAI (Programa de Acolhimento Imediato) e, nos meses de abril e maio recebemos uma bolsa de R$ 140”, explicou William.
Rosvaldo diz que tem medo de não conseguirem atingir a meta de aprovação de 70% ,exigida pela universidade para alunos que vivem na Casa do Estudante, espaço disponibilizado pela faculdade.
“Muitas vezes, ficamos sem comer nos finais de semana. Não consigo concentrar nos estudos, fico pensando se no outro dia terei o que comer e se vou conseguir os produtos para lavar a roupa para no outro dia ter o que vestir”, lamentou.
A universidade informou que a Pró Reitoria de Assistência Estudantil (PRAE) liberou uma autorização para que Rosalvo realize as refeições gratuitamente no Restaurante Universitário (RU).
Segundo William, eles já procuraram emprego depois que chegaram na capital, mas ainda não encontraram.
“Não está fácil encontrar um emprego que dê para conciliar com o horário da faculdade. Para garantir o básico da sobrevivência sempre pedimos ajuda para professores e colegas”, contou.
Sonho frustrado
O estudante de física saiu de um assentamento no Distrito de Nossa Senhora da Guia, em Cuiabá, onde morava com os pais, para investir no sonho de ser pesquisador.
“Meus pais continuam morando no assentamento e não tem condições de me ajudar. Tenho vontade de ser pesquisador e ajudar minha família, mas, chegando aqui, foi uma decepção enorme”, disse.
Já o estudante de Educação Física, William, veio do interior de Rondônia, onde morava de favor na casa de tios e avós, em busca de uma vida melhor.
“Não tenho contato com a minha mãe e meu pai é falecido. No início, era um sonho estudar aqui, mas foi tudo diferente. Vim para dar um retorno à sociedade, mas não tenho opção, não tenho para onde ir, não quero desistir”, contou.
Doações
Na Casa do Estudante não tem produtos de limpeza, alimentos e produtos de higiene pessoal, segundo os estudantes.
Os alunos estão pedindo doações de alimentos, materiais escolares, produtos de higiene pessoal e roupas.
“Não queremos desistir. Ficamos muito felizes com as doações que recebemos, isso é o que nos motiva a continuar”, ressaltou um deles.